Eu sou do tipo que conta histórias
de amor. Histórias que se ouvem por aí. Histórias que se podem ver nos cinemas
e que fazem você chorar sem se importar se a lagrima desceu face abaixo. Eu sou
bem esse tipo de pessoas, eu sou.
Não o tipo de quem vive estas
histórias. Só o tipo que conta. E que inventa.
E que se emociona quando lê depois. E faço com o gosto de quem sente que
a vida fica mais leve quando isso acontece.
Quando se lê sobre o amor o amor
parece mais vivo. Quando se lê sobre como ele pode ser simples debaixo de uma
arvore, quando se ouve uma historia de um casal num banco de rodoviária ou
quando simplesmente a história é a história de quem perdeu a chance e superou a
gente se sente mais leve.
Sem o fardo da existência. Sem ter
que se despedir pra ir pra casa estudar ou voltar a se preocupar com a conta de
luz. Nos textos o amor é tão simples... é tão simples... Eu sei o como faz bem
ler uma história. E mesmo que choremos no final vamos estar mais resolvidos do
que antes.
Mas sabe o que acontece? Sou o
escritor as vezes, lembra? O tipo que conta as histórias, e como tal eu sei de
uma coisa: histórias de amor dos livros quase nunca são histórias de amor. Por mais que pareça. Por mais que seja lindo.
È sobre outra coisa qualquer mas não o amor.
É uma historia, mas não de amor em
sua essência.
Sabe o por quê? Porque falta a
parte em que o personagem tem que ir embora mais cedo pra estudar pra prova do
outro dia. Porque falta a parte em que ele se preocupa em pagar a conta de luz.
Falta a parte em que ele esta apertado pra usar o banheiro bem na hora de dar o
grande beijo final.
Faltam coisas, faltam fatos... Não
se pode ser amor sem essas coisas. Não pode ser amor se os personagens não
tiverem que lidar com os demais problemas da vida. Porque o que faz do amor tão
vivo não é o romantismo escondido nas linhas, mas sim como ele sobrevive às
dificuldades e problemas que existem.
O amor é amor quando se há
diferenças entre os apaixonados, quando não se nasceu um para o outro e quando o texto não termina com ‘foram felizes para
sempre”. Só é amor se for baseado em fatos reais. E por favor não pule partes.
O amor se esconde naquelas
reticências que cobrem as brigas, as diferenças do casal da rodoviária, o frio
que faz debaixo da arvore, a falta da trilha sonora na cena.
O amor verdadeiro não cabe nas
linhas do texto. É por isso que me contento em ser o cara que conta histórias.
Porque eu estou esperando um amor maior do que os das histórias. E ele não é
tão perfeito, mas é o amor verdadeiro.
É essa a história que quero contar
em mim.
*_*
ResponderExcluirO amor de verdade não é composto só de momentos felizes... os momentos difíceis também são muito importantes, embora eles não apareçam nos álbuns de fotografia... são os momentos tristes que levam de uma foto feliz à outra...
Adorei o texto... sincero e sensível... como 'o contador de histórias que o escreveu'...
Pois é... pulamos as partes duras e dificeis sem nem ao menos nos darmos conta de que são esta partes que fazem as demais especiais... obrigado por participar, Paula... E obrigada pelos elogios... xD
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