quinta-feira, 29 de março de 2012

As cores da Nossa Oposição

 As cores da Nossa Oposição

em algum vilarejo chines
o céu é azul e amarelo
e os opostos são opostos e opostos em paz
e os opostos são opostos em paz


você é dura e meu coração é fluido
e  sua angústia é o que bate em minha porta
e  seu céu cinza atirado em minha janela
não sei se é desavença ou concórdia


e em alguma avenida o samba
tem tom de verde e rosa
e os opostos são opostos e opostos dançam
e os opostos são opostos e dançam


você dói tanto e eu não sou consolo
eu queria a alvorada com uma cor nova
você foge e eu tento não correr tanto
no que aguardei sua pressa incomoda


em algum livro na estante
as paginas tem branco e preto
e os opostos são opostos e opostos são claros
e os opostos são opostos e claros


e enfim em minha alma tem um céu
que tem estrelas brancas no preto
que tem nuvens rosas no azul
e tempestades que chovem como você
e os opostos são opostos e os opostos são
opostos e opostos são

quinta-feira, 15 de março de 2012

Meu Adeus Ante a Floresta


Meu Adeus Ante a Floresta 



       Tão próximos a atearmos nossas chamas por esta floresta de assombros eu senti que minhas mãos estavam geladas. Então foi por isso que parei e que estanquei a beira do abismo, do caminho que percorreríamos juntos pela noite mais quente do ano.
       Como raposas presas nós crescemos juntos e daí? Será que estar com você pra tentar te curar não me feri? Será que querer ver seus sorrisos significa que tenho que forçar os meus? Você tem um valor aqui dentro e é por isso que de alguma forma estávamos de mãos dadas diante desta floresta estranha.
       Tínhamos muito em comum pra sermos nós contra o mundo e oposições de mais pra nos completarmos, mas suas oposições bruscas de querer me deter me mataram e levaram embora meu valer o esforço. Eu simplesmente havia cansado e podia cansar. Sem farpas e mentiras.
       Quero que você vá bem, mas tinha que soltar sua mão. Tive porque o amor é uma palavra muito profunda e muito quente pra segurarmos à mãos frias. É um sentimento que tem vida de mais pra deixarmos que a indiferença venha ou que o fato de acordarmos de manha o torne mais um quadro baseado em uma canção na parede.
       Eu te dei acordes, eu te dei minhas letras, eu te dei. Se você guardou ou amassou eu já nem ligo, é verdade. Porque eu aprendi a aceitar. Mas agora eu não quero aceitar mais. Eu dei muito valor a tudo e perdi o valor do meu coração.
       Olha, não me entenda mal. Eu fui com você até onde podíamos ter ido. Não estou te abandonando à beira de seus monstros. Fui eu que trouxe a chama e te mostrei o caminho da floresta, lembra? Mas agora estou retornando à cidade, vou parar diante do lago e depois dormir o sono que vai me ensinar a sonhar de novo.
       Você só não vai comigo em minha mente porque você nunca quis ir. Não estou te culpando, mas estou me cobrando vida agora, em todo seu vigor, em todos os seus versos, em todos os seus canteiros regados que um dia tornar-se-ão em flores. Flores em vidas que você colherá.
       Meu adeus. Te amo com o amor insuficiente que nunca foi o que deveria ter sido. Nos vemos por ai e ai você me conta como venceu seus fantasmas na floresta onde estávamos tão próximos de atear nossas vidas. Ósculos e Amplexos!

quinta-feira, 1 de março de 2012

Mas Aqui Estou Eu Equilibrado

Mas Aqui Estou Eu Equilibrado



Raiva de mim e eu me perco. Por tantas vezes sou eu que complico tudo, sou eu que embaraço todas as questões, sou eu que amargo meus problemas. Eu poderia ser tão mais simples eu penso. Eu que sempre refleti que era virtude estar equilibrado entre a razão e o sentimento agora estou em cima de um muro com braços erguidos e um grito engasgado na garganta..
Talvez eu devesse ser um apaixonado qualquer como uma pessoa qualquer. Desistir dos sonhos perfeitos, abrir mão da canção no fundo, importar menos com os olhos fechados, estar disposto a encarar o que for.
Talvez seria melhor eu não enxergar tanta beleza nas luzes da cidade. Ser um andarilho ocupado como todos os demais, não rasgar para como está a lua no céu.
Quem sabe o caminho seria menos árduo se eu não desse tanto valor às palavras, aos sentimentos, às outras pessoas. Quem sabe assim eu não conseguiria firmar minhas escolhas tão mais fáceis?
Penso que se eu não escrevesse tanto, se não encontrasse virtude na loucura que nos faz sãos, não me encantasse com os olhos que estão sempre tão distantes, esquecesse todas as feridas do meu coração, não me permitisse chorar eu estaria mais próximo de não doer tanto. Mais próximo de não sofrer, de não me decepcionar, de não desistir.
Mas aqui estou.
Equilibrado entre a razão e o sentimento. Conturbado em cima de um muro com braços erguidos e um grito engasgado na garganta.
Mas também aqui estou eu, e este é meu lugar. E assim tão humano, tombando entre os dois lados, estou vivo e estou vencendo aos poucos. E não é a falta de guerras que faz a paz. Hoje eu estou aqui e ainda que existam tempos de confusão, eu sou tão eu, tão eu, que não estou disposto a abrir mão disso também.
Talvez o caso não seja eu mudar, mas entender que todos nós caminhamos neste muro ou cada um em seu próprio muro. Ou quem sabe ainda que o que julgamos ser o muro seja a melhor estrada que nos foi dada e esta forma de caminhar equilibrada seja realmente o melhor, porque cada vez mais estou querendo ceder à ideia de que cada tempo pede um desvio:
Tempos para a estrada direita da razão, tempos para o lado esquerdo do coração.