Nada é mais transformador que pessoas. Nada tem o poder
maior de aquecer corações que outro corações. E quando se trata de transformar
é o próprio coração que nos ensina, que assim como ele bombeia sangue por cada
parte de nosso corpo, é necessário que usemos nossa força para levar melhoria e
alegria ao maior alcance possível. E tantas vezes não precisa nem mesmo cruzar
a cidade para isto...
Ômega Júnior lançou o desafio: abordar pessoas, entrega-las
uma rosa e a oferta de uma ajuda: O que posso fazer por você. E foi assim que o
incrível aconteceu...
“Coração com coração... Esse é o melhor presente”, disse uma
senhora que pediu um abraço... E tantos foram os abraços pedidos que vimos o
quão ao alcance de nossos braços está um mundo melhor. Pessoas carentes de
atenção que veem no simples afeto de abraçar a certeza de um dia melhor. Foram
tantos abraços pedidos que parecei até bobeira, algo pouco, mas era o
suficiente. Era coração com coração.
E quando coração com coração se unem? O que acontece?
Acontece sorrisos e acontecem lágrimas, todas expressão de alegria ao receber
um gesto, ainda que pequeno no seu dia de um desconhecido que parece dizer:
você importa.
E quando a bibliotecária recebeu uma rosa cuidadosamente
feita à mão vieram os dois: sorriso e lágrimas. Com olhos marejados ela não
tinha dúvidas: “Esta ação que vocês estão fazendo é tudo... Tudo o que eu
precisava”. E nos seus olhos a certeza de que era realmente o que precisava. Uma flor como atenção e alguém perguntando: o
que posso fazer por você.
“Todo dia faço isso, mas só hoje apareceu um anjo para me
ajudar... Você poderia voltar mais vezes viu?”. Essa foi a resposta da senhora
o qual pude ajudar a atravessar as suas sacolas para sua casa do outro lado da
rua. E o que fez de mim anjo? O carregar as sacolas ou o simples fato de se
dispor? Porque as pessoas querem mais pessoas que ajudem do que querem braços
que carreguem e eis que enquanto eu fingia um peso gigante para as leves sacolas,
no sorriso das duas senhoras eu era um anjo.
Atravessar ruas eram atravessar mundos. E foi assim de um
lado da rua um jovem de cabeça baixa sentado na calçada que pediu um bom dia,
um simples bom dia e ao atravessarmos a rua, numa lanchonete uma mãe e seu
filho. A mãe careca, devido a uma doença, que com uma faixa na cabeça e um
sorriso gigante aceitou a flor e fez do abraço o bastante. Ela e o menino se
despediram e do outro lado deu pra ver o homem que cheirava a flor de papel e
sentia o perfume que foi lançado sobre ela. Era o cheiro de seu bom dia.
E foi pelas escadas da prefeitura municipal que esse cheiro
também foi notado. Na portaria o senhor que recebeu seu bom dia e abraço pedido
fez questão de colocar a flor junto das outras em sua mesa na entrada do
prédio. Era o sinal de que havia no mundo pessoas que acreditam nas pequenas
ações como grandes ações. No segundo andar uma mulher que esperava atendimento
e fez do próprio ato o que ela queria como ajuda e sentada ali fez questão de
notar o cheiro da flor.
Mas há simplesmente uma burocracia cega neste mundo as
vezes. Depois de vários minutos esperando na tentativa de levar ao prefeito
nossa mensagem, nem ao menos com a secretária pudemos falar. Pessoas correndo
por entre a sala, olhando desconfiadas para nós e nossas flores, quase como que
uma ameaça, e partimos então de volta às ruas, mas sabendo que enquanto aquela
flor estivesse na portaria fizemos o bastante.
E foi na rua que eu sentei junto ao senhor na calçada com um
violão e toquei uma música. “Uma música de igreja” ele pediu. Uma música de
esperança eu entendi. “Mesmo que meus pais me deixem, mesmo que amigos me
traiam, eu sei que em Teus braços eu encontro salvação” eu cantei em sol maior.
E ali ao seu lado, junto as moedas que as pessoas deixaram ficou a flor e a
mensagem, e o sol maior se fez pra ele.
E foi assim que o sol se fez pra todos nós... ao sentar com
a mãe que pediu companhia até a filha sair da escola e contou um pouco de sua
luta como mãe solteira para dar educação à pequena garotinha; ao ajudarmos a
dona do sebo ao organizar os livros que estavam desorganizados; ao dobrarmos roupas
para a atendente da loja...
“Você gostaria de ganhar essa rosa de presente?”
Era essa a abertura para novas vidas, para algo simples mas
tão grandioso. “Claro!”, “Por que não?”, “Pra mim mesmo?” ... Respostas de
pessoas diferentes, de situações diferentes mas todas de pessoas. “Depende, vai
me custar quanto?” respondeu a psicóloga que após ganhar de graça uma flor
pediu um abraço pra seu dia ser melhor.
” O mundo precisa de jovens como vocês que ainda acreditam...” ela disse
no final...
Em cada um um pedaço de um novo mundo que eu trazia pro meu
mundo. Em cada abraço o coração com coração tão importante. Em cada flor a
atenção de alunos, empresários juniores, futuros engenheiros que pararam seus
dias para confeccionar flores de papel e perfumá-las para dizer ao mundo que
está em nós a capacidade de transformar.
Cabe dentro do abraço ajudar as pessoas, cabe na palma da
mão e no coração. Cabe em nós e cabe à nós! De cada um que eu dei uma flor e
ajudei a maior certeza que tenho é que fui eu que ganhei o presente. Sim, eu
acredito.