terça-feira, 29 de outubro de 2013

Cabe em nós e cabe à nós - #Ômega em Ação





        Nada é mais transformador que pessoas. Nada tem o poder maior de aquecer corações que outro corações. E quando se trata de transformar é o próprio coração que nos ensina, que assim como ele bombeia sangue por cada parte de nosso corpo, é necessário que usemos nossa força para levar melhoria e alegria ao maior alcance possível. E tantas vezes não precisa nem mesmo cruzar a cidade para isto...
Ômega Júnior lançou o desafio: abordar pessoas, entrega-las uma rosa e a oferta de uma ajuda: O que posso fazer por você. E foi assim que o incrível aconteceu...
        “Coração com coração... Esse é o melhor presente”, disse uma senhora que pediu um abraço... E tantos foram os abraços pedidos que vimos o quão ao alcance de nossos braços está um mundo melhor. Pessoas carentes de atenção que veem no simples afeto de abraçar a certeza de um dia melhor. Foram tantos abraços pedidos que parecei até bobeira, algo pouco, mas era o suficiente. Era coração com coração.
        E quando coração com coração se unem? O que acontece? Acontece sorrisos e acontecem lágrimas, todas expressão de alegria ao receber um gesto, ainda que pequeno no seu dia de um desconhecido que parece dizer: você importa.
        E quando a bibliotecária recebeu uma rosa cuidadosamente feita à mão vieram os dois: sorriso e lágrimas. Com olhos marejados ela não tinha dúvidas: “Esta ação que vocês estão fazendo é tudo... Tudo o que eu precisava”. E nos seus olhos a certeza de que era realmente o que precisava.  Uma flor como atenção e alguém perguntando: o que posso fazer por você.
        “Todo dia faço isso, mas só hoje apareceu um anjo para me ajudar... Você poderia voltar mais vezes viu?”. Essa foi a resposta da senhora o qual pude ajudar a atravessar as suas sacolas para sua casa do outro lado da rua. E o que fez de mim anjo? O carregar as sacolas ou o simples fato de se dispor? Porque as pessoas querem mais pessoas que ajudem do que querem braços que carreguem e eis que enquanto eu fingia um peso gigante para as leves sacolas, no sorriso das duas senhoras eu era um anjo.
        Atravessar ruas eram atravessar mundos. E foi assim de um lado da rua um jovem de cabeça baixa sentado na calçada que pediu um bom dia, um simples bom dia e ao atravessarmos a rua, numa lanchonete uma mãe e seu filho. A mãe careca, devido a uma doença, que com uma faixa na cabeça e um sorriso gigante aceitou a flor e fez do abraço o bastante. Ela e o menino se despediram e do outro lado deu pra ver o homem que cheirava a flor de papel e sentia o perfume que foi lançado sobre ela. Era o cheiro de seu bom dia.
       E foi pelas escadas da prefeitura municipal que esse cheiro também foi notado. Na portaria o senhor que recebeu seu bom dia e abraço pedido fez questão de colocar a flor junto das outras em sua mesa na entrada do prédio. Era o sinal de que havia no mundo pessoas que acreditam nas pequenas ações como grandes ações. No segundo andar uma mulher que esperava atendimento e fez do próprio ato o que ela queria como ajuda e sentada ali fez questão de notar o cheiro da flor.
        Mas há simplesmente uma burocracia cega neste mundo as vezes. Depois de vários minutos esperando na tentativa de levar ao prefeito nossa mensagem, nem ao menos com a secretária pudemos falar. Pessoas correndo por entre a sala, olhando desconfiadas para nós e nossas flores, quase como que uma ameaça, e partimos então de volta às ruas, mas sabendo que enquanto aquela flor estivesse na portaria fizemos o bastante.
        E foi na rua que eu sentei junto ao senhor na calçada com um violão e toquei uma música. “Uma música de igreja” ele pediu. Uma música de esperança eu entendi. “Mesmo que meus pais me deixem, mesmo que amigos me traiam, eu sei que em Teus braços eu encontro salvação” eu cantei em sol maior. E ali ao seu lado, junto as moedas que as pessoas deixaram ficou a flor e a mensagem, e o sol maior se fez pra ele.
       E foi assim que o sol se fez pra todos nós... ao sentar com a mãe que pediu companhia até a filha sair da escola e contou um pouco de sua luta como mãe solteira para dar educação à pequena garotinha; ao ajudarmos a dona do sebo ao organizar os livros que estavam desorganizados; ao dobrarmos roupas para a atendente da loja...
“Você gostaria de ganhar essa rosa de presente?”
      Era essa a abertura para novas vidas, para algo simples mas tão grandioso. “Claro!”, “Por que não?”, “Pra mim mesmo?” ... Respostas de pessoas diferentes, de situações diferentes mas todas de pessoas. “Depende, vai me custar quanto?” respondeu a psicóloga que após ganhar de graça uma flor pediu um abraço pra seu dia ser melhor.  ” O mundo precisa de jovens como vocês que ainda acreditam...” ela disse no final...
     Em cada um um pedaço de um novo mundo que eu trazia pro meu mundo. Em cada abraço o coração com coração tão importante. Em cada flor a atenção de alunos, empresários juniores, futuros engenheiros que pararam seus dias para confeccionar flores de papel e perfumá-las para dizer ao mundo que está em nós a capacidade de transformar.
      Cabe dentro do abraço ajudar as pessoas, cabe na palma da mão e no coração. Cabe em nós e cabe à nós! De cada um que eu dei uma flor e ajudei a maior certeza que tenho é que fui eu que ganhei o presente. Sim, eu acredito. 



Um comentário:

  1. Douglas,que experiência bonita... E nós, cada um de nós precisamos de "gentes" assim também, e ser também essas "gentes" que levem flor ao coração do outro, que olhe nos olhos, que saiba que a vida está ali e às vezes está tão escondida que é necessário resgatá-la.

    (Isso também é o mais bonito jeito de ser cristão.... Creio que Jesus teria feito o mesmo por essas pessoas)....

    Abraços em seu coração!

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