quinta-feira, 24 de março de 2011

Paradoxal Roubo de Stér


 

Paradoxal Roubo de Stér



Um dia eu a perguntei qual o peso de um coração. Stér me disse que, na verdade, os corações são leves. Ela me disse que era engraçado como mesmo cheio de sentimentos e razões, culpas e feridas, era tão leve que se pode equilibra-lo com um dedinho e um sopro basta para ele sair voando.
Bom. Foi Stér que me disse e ela sabe do que ta falando. Ela é a mestra em roubar corações. Alguns a chamam de psicopata, outros de insensível, uns de assassina e no final da conta, por mais que eu queira, não consigo defender suas atitudes. No final todos nós a entregamos o coração e acabamos vendo ele afundar nas águas escuras do Lago Time.
Quando ela começou a faze-lo? Eu não sei. Mas sei como ela faz. Ela tem palavras bonitas gravadas na ponta de sua língua, tem olhos profundos e negros, tem o corpo bonito que você sonha, tem um jeito meigo se você quiser e ela está ali. Sempre ali ao seu lado, rindo de mais uma piada e tentando te conquistar e, acredite, ela consegue encontrar um espacinho na sua mente pra passar o dia inteiro.
Essa é Stér. Um dia ela vai encostar-se em seu ombro de uma maneira estranha. Ela vai te abraçar por trás ou tapar seus olhos e pedir para descobrir quem é. Um dia ela vai encontrar seu olhar perdido, vai dizer que você é especial, vai precisar de seu consolo e de ouvir uma palavra boa sua em relação à ela. Um dia ela vai chegar próxima o bastante para você ouvir o som de seu piscar de olhos e sentir o hálito de Halls vermelha. No outro dia que isso acontecer, ela já terá seu coração preso em sua mão dentro do bolso da blusa de moletom.
Ela é sutil. Bem sutil e encantadora e rouba os corações. Parece um paradoxo? Eu sei! Mas é o que ela faz. Depois que rapta suas jóias caminha com ele entre as mãos pela floresta que leva ao Lago Time. Passos calmos, passos serenos, passos paradoxais. Não sei no que Stér pensa enquanto caminha. Sua face torna-se sem expressão, ilegível. Ela simplesmente caminha e somente isso. Depois que chega à beira do Lago, senta-se na grama, fica em silencio alguns minutos e depois deita de bruços até ficar bem perto da água e sobra com força o coração que sai voando até toca a superfície molhada do Time, ver sua imagem refletida e começar a submergir.
Esta cena é estranha. O coração é leve mas é denso. Ele afunda nas águas. Afunda e afunda e afunda até alcançar o assoalho do lago cheio de outros corações ainda pulsando doentes. Depois disso Stér volta para a floresta em rumo a sua plantação de sentimentos em busca de colher outro coração.
Você pode me perguntar o que muda depois disso tudo. Que mal tem nessa história? O que muda é que você não é mais o mesmo garoto: no seu coração você guardava as cenas que te ajudavam a viver e a enxergar a vida, guardava marcas boas e ruins das lições que a vida te dava, e o mais importante, guardava sua fé. Agora Stér é tudo pra você e você não tanto assim pra ela. Você muda, mas Stér não. É a mesma em busca de mais uma jóia para lançar no lago escuro.
Só para constar. Perguntei a ela o que ela sentia por suas vítimas. Ela me respondeu que não sabia. E esse é meu argumento em sua defesa. Stér precisa de encontrar seu coração.
Outra informação interessante: Stér nunca beijou suas vítimas...

***

Obs: Stér encontra suas vítimas num supermercado. Ela procura por garotos famintos andando pelos corredores em busca de algo que possa de imediato lhes satisfazer a fome. Cuidado para não ser um faminto no supermercado e conviva bem com Stér.

Dare You to Move - Switchfoot

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