terça-feira, 12 de abril de 2011

Bridge Hospital - Parte I



Bridge Hospital


Um dia uma pessoa estranha vai bater a sua porta e pedir socorro e dizer que você é a pessoa certa que pode ajuda-la. Aqui no Brige Hospital isso é tão comum quanto perdermos noites de sono em plantões e trocarmos uma comemoração de amigos no bar por uma cirurgia de fígado, entende?
Não, não entende. Mas eu não estaria te enchendo se não fosse pela fila de pacientes. Você encontra pacientes e vidas incompletas na fila. Vidas que precisam ser curadas. Quero que conheça alguns dos pacientes que esperam atendimento....


A Fila de Pacientes - Parte 1


Dr. Max Webber – 42 anos

Paciente1.


“Eu estava escalado para mais uma cirurgia e já era 21h. Lisa, minha esposa também é médica e num dos longos encontros sossegados de 2 minutos em sua sala eu expliquei a situação. Como se nos importássemos muito. Não andamos bem já faz um tempo. Desde quando comecei encontrar justificativa toscas para qualquer encontro com a minha assistente de 21 anos Joene. Mas no final o formalismo do ritual de ainda nos encararmos como marido e mulher era o nosso conforto. Assim estava bom pra nos dois.
Naquela noite Petter, um jovem médico o qual tomei como filho resolveu ficar ao meu lado. Companheiro dos pensamentos justificáveis e seguidor das mesmas trilhas questionáveis que eu, era como me olhar no espelho alguns anos antes. Temperamento forte e explosivo e, não se pode esquecer, totalmente ‘racional’. Partimos juntos para a cirurgia e riamos de mais alguma piadinha qualquer quando Joene veio ao meu encontro no corredor, me agarrou pelo braço e sai me puxando em direção a minha sala.
Max não era problema. Ele também concordava que Joene era linda de mais para se desperdiçar a chance de seus encontros, mesmo que isso custasse o preço de um casamento. Joene estava pálida e forte enquanto me puxava sem responder a nenhum dos meus questionamentos. Nossa, como ela é bonita! Abriu a porta, me empurrou para dentro, fechou a porta. Trancou a porta, na verdade me empurrou pra cadeira e disse três palavras assassinas:
“Eu estou grávida”.
Lógico, veio o choque, o silêncio que acompanha as cirurgias difíceis e o gosto amargo na boca. Mas não foi tão difícil assim superar aquilo. Eu era casado, ela era jovem. Eu não podia ter um filho dela e nem ela podia ter um filho. Eu e ela decidimos o aborto...”
***








Dr. Lisa Webber – 39 anos

Paciente 2


“Vivemos de fachada. Eu e meu marido Max. Tudo entre nós se esfriou, mas, no final das contas eu... ainda acredito que... talvez o final da história seja diferente...
Tudo bem, eu ainda sinto algo por ele, mas ele se distanciou pra além de onde eu posso busca-lo... Eu sofro, sofro sim, mas como médica eu vi tantos inexplicáveis casos do que pessoas chamam de milagres, que eu espero e acredito nisso, que um dia nós vamos olhar um pro outro e vai renascer dentro dos olhos dele a chama que me diga que acabou esse meu inverno.
Hoje Max me avisou que só irá pra casa de manhã. Ele é ocupado também. Nossa vida é difícil, mas é como levamos. Aliás, faz um tempo que descobri que ele me trai com a sua assistente de 21 anos. Ela é jovem e bonita. Tudo o que eu não sou. Mas eu sei que um dia ele vai se cansar dela e quando se cansar eu vou estar aqui... Esperando ele.. Eu não posso encara-lo,mas, quando ele voltar, eu vou estar aqui, não é? Ele vai voltar um dia e... eu vou estar aqui... a espera...pode demorar, né?Mas mesmo que demore eu vou enxugar as lagrimas e passar por cima. Ele é um homem ocupado e eu sou uma mulher ocupada.
Preciso ser uma mulher ocupada...”

***

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